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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

HISTÓRIAS INTERESSANTES

 Quem conhece meu trabalho na culinária, sabe que tenho grande influência da culinária Alemã, mas que também sempre gostei de conhecer a culinária de outros países e que adoro a culinária Brasileira com toda sua riqueza e com toda a influência....... enfim, adoro descobrir sabores!
Para mim, a culinária é um Dom, uma alquimia maravilhosa. 

Então, pretendo passar receitas minhas, receitas que estão na família ha várias gerações, receitas que me foram presenteadas por pessoas queridas, receitas testadas de livros, revistas, sites e outros e claro, fazer meus comentários a respeito.




Não tenho nenhuma pretensão de seguir algum estilo, quero apenas o compromisso com o sabor, com a qualidade. 
Quero, como sempre quis, ter a certeza que qualquer pessoa que fizer uma receita minha a fará tão bem ou até melhor do que eu estou fazendo. 

E como sempre, quando surgirem dúvidas, espero poder solucioná-las. 




Estamos chegando perto do Natal e é uma época que adoro. 
Fica um clima alegre no ar, parece que realmente o amor e a esperança crescem dentro das pessoas. 
E é época também de nostalgia. 

Minha avó Wally Richard Keller, era uma cozinheira de mão cheia, preparava pratos maravilhosos, a mãe dela, minha bisavó era Austríaca, de Linz, então a culinária já veio forte como herança. 

Eu desde pequena gostava de aprender, de ajudar e de provar.... então ficava sempre perto dela para aprender. Detalhe, ela adorava ensinar.... 
E foi assim, ajudando, provando, aprendendo que aos 8 anos, fiz minha primeira sobremesa sozinha.... sozinha mesmo. 
Morávamos em Campinas, SP e um tio super querido, o Onkel Olavo, ia nos visitar, aliás, família linda e querida. E eu teimei que queria fazer a sobremesa para eles sózinha..... e minha avó deixou. 
Preparei um Flan de Caramelo que já tinha visto minha avó preparar várias vezes.
Achei que pelo menos ela iria caramelar a forma para mim e quebrar os ovos (eu morria de nojo de quebrar ovos e não gostava do cheiro hehehehe).... mas ela disse " quer fazer? então faça, mas não vou ajudar em nada" e saiu de perto. Acho que deve ter ficado olhando escondida, mas não deixou que eu percebesse. 
Bom,  descobri que caramelar uma forma podia ser algo muito doloroso e causar bolhas....... mas consegui. O caramelo ficou lindo..... 
Preparei o Flan conforme a receita que já tinha anotado em meu caderno de receitas..... chamei minha avó mil vezes na hora de quebrar os ovos mas ela não ajudou e desde essa época tenho a mania de quebrar um ovo e lavar as mãos..... bom, voltando ao Flan..... meu tio chegou com a família, o almoço foi uma delícia e eu ansiosa para servir a sobremesa..... 
Minha avó disse, foi você quem preparou então faça o serviço completo, você deve desenformar e servir.... e lá fui eu toda alegre para mais esta missão.... 
Mas, quando o Flan virou, simplesmente espatifou....... 
Eu fiquei passada...... mas todo mundo foi tão generoso comigo, comeram a sobremesa, disseram que estava maravilhosa e eu fiquei feliz da vida.... 
A partir dai comecei a preparar mais pratos sempre com muita alegria. 

O que aprendi desde esta época é que sempre que se faz uma comida com amor, carinho e boa vontade, ela sempre da certo, mesmo que "espatife" ao ser desenformada hehehe.


Claro que nem sempre tudo fica perfeito, muitas vezes preparei pratos que não ficaram tão legais. Mas isto nunca me desanimou, muito pelo contrário, sempre me deu mais vontade de tentar fazer melhor.
Não foi só a culinaria que aprendi desde cedo, aprendi também pintar, bordar, costurar, fazer crochê, tricô. Tínhamos que ajudar na limpeza e organização de casa, enfim. E olha que tínhamos muito tempo para brincar, passear.
Acho que tudo isto foi muito importante na minha formação, me deram base para muita coisa.
Organização, disciplina e independência. 
Acho que somos tão capazes que a  frase não sei só serve mesmo para quem não quer fazer ou aprender. Podemos aprender tudo, o que acontece é que nem sempre gostamos ou não temos condições físicas para fazer algo, mas pelo menos não deixamos de tentar.





Olá, hoje, 16/01/2014,  postei uma receita Maarraavviillhhhooosssaaa de um PÃO DE CENTEIO que fiz logo no começo em 1988. 

Foi a receita que eu "falei" quando fiz minha primeira receita na TV, a do Patê de Beringela. Como eu não tinha noção de tempo na TV, fiz a receita tão rápido que acabou sobrando muito tempo, na verdade, um bloco inteiro do programa. Ai o produtor me pediu para dar alguma dica sobre o prato. Foi então que resolvi passar a receita do Pão de Centeio, já que combinava super bem com o patê que eu tinha acabado de fazer. 
E claro, muita gente ficou interessada na receita com mais detalhes e ficaram ligando tanto para mim, como para o Geraldo e para a emissora. Então, assim que terminamos de gravar as receitas para as festas de final de ano, resolvi passar a do pão. 
Na época eu fazia encomendas e este pão era uma das coisas que tinham muita saída. Nem por isto deixei de passar  o "pulo do gato" para as telespectadoras. 
Nunca tive esta preocupação de não passar a receita porque era algo que eu fazia para comercializar, ao contrário, ficava feliz quando alguém aprendia e também começava a ganhar dinheiro usando minhas receitas. 

Esta receita é super fácil e fica deliciosa. É um pão que pode ser congelado e quando descongelado fica perfeito. 
Mas o que eu quero contar é que quem me presenteou com esta receita foi uma amiga querida de minha avó, a quem eu chamava de Tante Ingrid. Tante é tia em alemão. 
Na verdade, minha avó já era amiga de longa data da mãe dela, a Frau Nau, que era uma senhora alegue e encantadora. A Tante Ingrid, foi amiga de infância do meu pai e o Herr Nau (Herr é senhor em alemão), pai dela foi professor do meu pai na Deutche Schule, ou melhor, escola alemã de Vila Mariana. 
A Frau Nau era uma pessoa encantadora, sempre risonha, sempre feliz, sempre alegre e nos contagiava com sua alegria. Ela nos visitava pelo menos uma vez por mês e sempre, mas sempre mesmo, chegava com uma mão cheinha de balas de morango que existem até hoje. 
Ela era tão boa, mas tão boa, que teve uma das mortes ou passagem mais bonita que já ouvi. Ela estava conversando com uma amiga, num jardim lindo, embaixo de uma árvore. Diz a amiga que ela sentiu uma pontada no peito, colocou a mão, deu um suspiro e.... caiu já sem vida. Não sofreu, não deu trabalho para ninguém.... imagino que deva ter ido em linha reta lá para o céu alegrar os anjos com suas balinhas de morango. A mim, ela alegra até hoje quando me lembro de seu sorriso, sua alegria e suas balinhas. 
Quando ela morreu, os laços de amizade se estreitaram mais ainda com sua filha, a Tante Ingrid. Ela sempre teve a casa impecável e sempre fez coisas maravilhosas. Ah, e sempre foi de uma elegância impar.
 Sempre que chegávamos em sua casa tinha algum bolo ou torta maravilhoso esperando para o chá. E eu tive a honra de poder ser amiga desta pessoa tão especial também. E entre as várias receitas maravilhosas que trocamos, esta do Pão de Centeio foi uma delas. 


Hoje me dei conta que não tinha colocado no Blog a receita do meu Flan de Baunilha... claro que já corrigi rapidinho e coloquei uma receita super gostosa e fácil para vocês... 
Esta não é a receita que fiz para meu tio Olavo quando tinha 8 anos, mas é uma receita super atual e muito prática. tenho certeza que vocês vão gostar. 
Quanto a receita original que preparei nos anos 60... bom, tenho certeza que ainda a tenho, pois eu desde pequena tinha o hábito de fazer um caderno de receitas... então quando a encontrar, passo aquela receita para vocês..... 
Super beijos.

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