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sábado, 10 de outubro de 2015

PROPRIEDADE DOS ALIMENTOS - COMPOTAS E CONSERVAS

COMPOTAS E CONSERVAS
Normalmente quando nos referimos a conserva, logo pensamos em algo salgado como picles.
E quando nos referimos a compota pensamos nos doces.
Na verdade a compota pode ser doce ou salgada, assim como a conserva, que também pode ser doce ou salgada. Afinal, a compota é uma conserva.
É uma maneira de conservar os alimentos que vem láááááááá, de muito longe, quando nem existia geladeira e as pessoas precisavam estocar alimentos para durante a entre safra e durante o inverno rigoroso terem o que comer.

Eu, que tenho uma imaginação muito fértil, fico imaginando o homem que caçava um animal grande e depois de muito perder a carne que apodrecia ou mesmo para que animais não pegassem, começou a pendurar a carne... talvez ele morasse perto do mar e lavando a carne percebeu que ela ficou mais gostosa, e essa mesma carne já salgada ele pendurou para secar... enfim.... dá para divagar de montão.

Em 1850 A.C. Aristóteles mencionou o pepino em conserva como possuidor de propriedades curativas. O Pepino é originário da parte norte da Índia, na baia de Bengala e nas regiões próximas dos Himalaias,  o Pepino quase nunca foi encontrado em forma selvagem, mas nessa região se encontra em quase todo lugar.
Alguns relatos indicam culturas no Egito, apesar de não haver dúvida da procedência original ser na Índia e que a profusão veio através dos Judeus, Árabes, Latinos, Armênios, Gregos e outros.
Na Índia, os relatos sobre Picles, datam de cerca de 1500 anos A.C.
Os escritos de Susruta e Charaka descrevem o uso de Sal, Mel, vinagre, Tamarindo, jaggery e asafoetida com muita freqüência.

A história indica que o pepino foi levado à China cerca de 200A.C.
No início da Era Cristã, pepinos eram cultivados no Norte da África, Ásia menor , no Sul da Europa e outros países do Oriente. A Bíblia menciona picles 2 vezes no Cap 11:5 Isaías 1:8.

 Cleópatra, foi também uma fã das conservas Picles, acreditando no poder do rejuvenescimento e embelezamento.
Os soldados de César comiam picles em vinagre porque acreditavam em seus efeitos curativos.
Sabemos também que o repolho em salmoura que conhecemos como chucrute, era levado em tonéis nos navios porque além de alimentar a tripulação também tinha propriedades medicinais.

Mas o que se sabe mesmo sobre o primeiro texto conhecido se referindo a uma “compota”, data do século 1. Foi uma receita de Marmelos Confitados no mel, que aparece num dos 37 volumes da história Natural do autor romano Plínio.
Depois, no século 4, o agrônomo Palladius, também faz referência a duas receitas de Marmelos confitados no mel.
Até Leonardo da Vinci (1452-1519), teve um manuscrito batizado de “Notas de Cucina” onde aparecem 80 receitas, quase todas salgadas, tem lá registros de conservas.

Nostradamus
A primeira obra publicada, que trata da arte e a da maneira de se fazer compotas e geleias, datada do século 16, cabe ao médico, astrólogo e praticante de alquimia Michel de Nostre-Dame, conhecido por Nostradamus (1503-1566).
Interessado no estudo das plantas e seus efeitos na cura de doenças, ele passou alguns anos na Itália aprofundando seus conhecimentos em alquimia vegetal, descobrindo em Milão, um boticário especializado nessa matéria, que o inicia na arte  das compotas e geleias curativas.
Em 1552 ele publica o resultado de suas pesquisas com o título de “ Traité des Fardements et des Confitures” . Nessa obra ele apresenta trinta receias de compotas, geleias e xaropes de diversos frutos.



No início do século 19, um confeiteiro francês chamad Nicolas Appert (1749-1841), desenvolveu o método de conserva , que iria mudar muito a história das conservas, que hoje chamamos de processo à vácuo, colocando seus preparos doces ou salgados em vidros, fechando e levando para cozinhar no banho maria.
Em 1802 ele instalou nas cercanias de Paris, em Massy, a primeira fábrica de conservas conhecida no mundo. Mandou fazer vidros com gargalos mais largos e assim iniciou sua produção chegando a ter na época cerca de 50 funcionários.
A partir dai, o abastecimentos de Navios passou a ser feito também com esse sistema de alimentos, e foi muito utilizado por Napoleão Bonaparte.
Em 1809 ele recebe um prêmio do governo Francês de 12 mil francos para tornar públicas suas descobertas.
Em 1810 foi publicado o livro “A Arte de Conservar Todas as Substâncias Animais e Vegetais” onde descrevia em detalhes o processo de conserva de mais de 50 alimentos.
Esse livro teve uma tiragem de 6000 exemplares, dos quais, 200 foram entregues ao governo para serem distribuídos entre as prefeituras francesas que trataram de difundir a informação.
Posteriormente foram lançadas mais três edições, em 1811, 1813 e 1831.
E rapidamente traduções foram publicadas em países como Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Estados Unidos.
Mais tarde, em 1864, Pasteur estudou e aperfeiçoou mais esse processo,   que acabou levando o nome de “Pasteurização”, onde ele eleva a temperatura da conserva e acaba eliminando os microrganismos que resistiam a conserva simples.
Isso ajudou inclusive a mudar a história do vinho.
E sabemos que a Pasteurização é usada hoje em dia em boa parte dos alimentos envasados, como o leite.

Também se sabe que a origem das compotas e geleias são creditadas aos Árabes, mais exatamente aos mesopotâmicos.
No início o uso era para fins medicinais. E cabe à eles também a introdução do açúcar tanto na culinária como na farmacopeia.
Foram os cruzados que levaram essa cultura para a Europa.

A grande revolução nessa arte, aparece com o açúcar de cana, que passa a substituir o mel.
Mais tarde, o açúcar refinado vem favorecer ainda mais a industrialização das conservas.
Se compararmos os processos de confecção de conservas divulgados no tratado de Nostradamus, com aqueles disponíveis em livros de receitas do século 18, vamos observar que a grande diferença está no tempo de preparação das conservas.
No tratado do século 16, uma conserva de casca de laranjas, por exemplo, poderia levar até um mês para ser feita.
A mesma conserva, no livro do século 18, levava dez dias.
Mergulhados em caldas de mel, de mosto ou de açúcar, os frutos iam ficando doces e adquirindo consistência com o passar do tempo e das várias cozeduras e repousos. E o açúcar mais puro e concentrado reduziu o tempo de preparo.
E assim, muita coisa como utensílios e equipamentos foram evoluindo e facilitando o preparo destes alimentos.
O fato é que compotas e conservas sempre fizeram sucesso e continuam fazendo até hoje. Uma maneira prática e agradável de se ter um alimento “sempre à mão”
Hoje em dia, com a “redescoberta” da alimentação saudável, muita gente tem optado pela conserva caseira à industrializada.

Muito importante para o preparo da conserva ou compota.
Sempre utilizar frutas, legumes ou vegetais em perfeito estado de conservação.
Utilizar equipamentos bem limpos.
No caso de compotas cozidas, envasar e processar o mais rápido possível. Nunca envasar e tentar conservar alimentos que já ficaram por horas ou dias  expostos.
Use sempre vidros limpos e esterilizados.
A esterilização dos vidros pode ser feita da maneira tradicional fervendo os vidros em água, e as tampas separadamente e depois escorrendo sobre um pano muito limpo.
Ou pode ser feita no micro onda, quando a quantidade for pequena, coloque um pouco de água dentro de cada vidro e cozinhe por cerca de 5 minutos.
As tampas devem ser fervidas em água no fogo pois não podem ir ao micro ondas.
Sempre que colocar o alimento no vidro, antes de fechá-lo, retire o ar do recipiente usando uma colher de cabo longo, ou um palito de churrasco ou até com batidinhas no vidro.
Vou fazer uma postagem mais detalhada do preparo de conservas e compotas.
Mas mais uma dica importante, guarde sempre suas compotas em lugares sombreados e frescos. E depois de abertos, na geladeira ok.





Fontes:  Wikipédia
The History of Can Making
Can Central .Com
Association Internationale Nicolas Appert
MealTime.Org
Fontes: * Pratique Leite
* Alimentação, Saúde e Sociabilidade
A Arte de Conservar e Confeitar os Frutos - (séculos XV-XVIII)
Leila Mezan Algranti
* Thesaurus

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